A sociedade civil do Guarujá reage e se mobiliza a favor da ética na política

*José Manoel Ferreira Gonçalves

Após duas etapas de investigação, a Operação Nacar, que apura graves irregularidades cometidas com o dinheiro público no Guarujá, trouxe à tona a participação de novos personagens na nefasta farra que, de acordo com a Polícia Federal, os políticos da cidade decidiram fazer em proveito próprio, dilapidando os minguados recursos que deveriam ir para a melhoria da saúde e da educação.

Os nomes que se juntam ao suposto esquema montado em plena Santos Dumont 800 pelo prefeito Válter Suman e esposa são os dos vereadores Juninho Eroso, Mario Lucio, Nego Walter, Sirana Bosonkian, Naldo do Perequê e Santiago Ângelo, todos eles suspeitos, segundo a PF, de receberem benefícios em troca do arquivamento de denúncias contra o Suman e da aprovação de projetos de interesse de sua gestão.

Para aumentar a indignação pública, o vereador Santiago, um dos supostos envolvidos no esquema, foi escolhido para integrar a Comissão Processante que vai analisar o novo pedido de impeachment do prefeito.

Diante de tanta falta de apreço pela transparência e combate à corrupção, a sociedade civil está reagindo. Um abaixo-assinado que já ultrapassa 500 nomes foi protocolado no Ministério Público Estadual e na Câmara Municipal de Guarujá, solicitando que os vereadores investigados nos termos da representação apresentada pela Polícia Federal ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região sejam impedidos de participar da Comissão que vai apurar a responsabilidade de Suman, bem como tenham embargada a possibilidade de votarem para a decisão do pedido de impeachment – no caso, a representação por nós apresentada e já acatada por unanimidade pelo Legislativo municipal.

Este é o segundo pedido de impeachment do prefeito que solicitamos. No ano passado, entendemos que a admissibilidade do afastamento de Suman já havia sido demonstrada pelo trabalho da Operação Nacar e entramos com o primeiro pedido, também acatado pela Câmara Municipal. Mas, na ocasião, a Comissão que tratava do assunto arquivou o processo, por 11 votos a 5. Entre os que votaram pelo arquivamento estão todos os vereadores agora citados na investigação da PF.

Dessa vez, nós também propusemos o afastamento desses seis vereadores envolvidos nas novas denúncias, mas o pedido foi rejeitado pela Câmara.

Parabéns à população do Guarujá, que demonstra estar atenta ao processo que poderá passar a política da cidade. O povo não aceita mais condutas impróprias e antiéticas de seus políticos!

*José Manoel Ferreira Gonçalves é mestre e doutor em engenharia; presidente da Aguaviva (Associação Guarujá Viva).