Água Viva formaliza denúncia ao Ministério Público Federal sobre falhas e riscos nas obras da MRS em Guarujá

📑 Ofício revela deficiências técnicas, riscos socioambientais e omissões no projeto ferroviário.

A Água Viva – Associação Guarujá Viva protocolou, no dia 18 de junho de 2025, o Ofício nº 0460/2025, no âmbito da Notícia de Fato nº 1.34.012.000099/2025-33, endereçado à Procuradoria da República no Município de Santos/SP, com representação do Dr. Antonio José Donizetti Molina Daloia, Procurador da República.

O documento denuncia as deficiências técnicas, riscos socioambientais e ausência de informações adequadas nas obras realizadas pela empresa MRS Logística S.A., no Pátio Prainha, localizado em Vicente de Carvalho, Guarujá/SP.

Riscos e falhas graves nas obras da MRS

A manifestação da entidade é resultado da reunião realizada em 15 de maio de 2025, com a participação da própria MRS, do Ministério Público Federal, de moradores das comunidades afetadas e da Água Viva. Na ocasião, foram formalmente exigidos estudos técnicos fundamentais para avaliar os impactos da obra.

Foram solicitados:

  • 📍 Estudo Hidrológico completo e aprofundado;
  • 📍 Estudos Geométricos abrangentes;
  • 📍 Levantamento Topográfico que incluísse todo o entorno urbano afetado;
  • 📍 Estudo Geotécnico consistente e detalhado.

No entanto, a MRS apresentou apenas estudos parciais, limitando-se a relatórios de Topografia, Geotecnia e Drenagem, todos com limitações severas, omissões e inconsistências, que não atendem minimamente às demandas técnicas, sociais e ambientais apresentadas.

Análise técnica confirma os riscos à comunidade

A análise dos documentos revelou que:

  • O projeto foi elaborado sem considerar o entorno urbano, afetando diretamente os moradores;
  • A região foi classificada pela própria MRS como área de alto risco de alagamento, mas as soluções propostas são incompletas e insuficientes;
  • A drenagem projetada não é integrada ao sistema municipal, agravando o risco de enchentes;
  • O projeto de canal não suporta a vazão necessária em dias de chuvas fortes, operando no limite da capacidade e expondo a comunidade ao risco de transbordamento;
  • As soluções propostas são temporárias, restritas à faixa ferroviária e não resolvem o problema estrutural da drenagem, transferindo os impactos à população e à gestão pública municipal.

Trechos dos documentos confirmam as falhas

O próprio “Memorial de Cálculo Hidrológico – Canal e Área” (FM21253-CZ-012-PE-MC-I01-001) admite:

“A área de interesse está situada em região classificada como de alto risco de alagamento, devido à inexistência de sistema de drenagem dedicado.”

Outro trecho confirma que a responsabilidade pelos impactos é deslocada ao poder público:

“Foi premissado (…) que os elementos de drenagem estariam contidos na faixa de domínio, portanto elementos de continuidade e interligação efetiva até o mar não foram considerados.”

Já a “Nota Técnica Hidrológico e Hidráulico – Canal” (FM21253-CZ-012-PE-MC-I02-101) revela:

“Como não se dispunha de projetos técnicos envolvendo a área de abrangência da bacia que contribui para a vazão inserida no canal, (…) foi realizado pela SANEHATEM estudo hidrológico simplificado.”

E ainda aponta um erro grave de dimensionamento:

“A vazão de interesse (12,37m³/s) necessita de uma profundidade superior aos 1,50m disponível. Estabelecendo uma profundidade de 1,50m e largura de 2,20m, obtém-se uma vazão de apenas 8,11m³/s.”

✔️ Ou seja, o canal projetado é insuficiente para as necessidades reais da região, comprometendo a segurança dos moradores.

Irregularidades e omissões graves identificadas:

  • Ausência de Estudo Hidrológico completo e aprofundado;
  • Levantamento Topográfico restrito à faixa ferroviária, ignorando o entorno urbano afetado;
  • Falta de integração do projeto com a drenagem urbana existente;
  • Não apresentação da Licença Ambiental Federal emitida pelo IBAMA;
  • Falta de informações da ANTT sobre as providências adotadas após a reunião de 15/05/2025;
  • Não realização de audiência pública para informar e ouvir a população afetada.

O que a Água Viva está exigindo:

Diante das irregularidades, a Água Viva solicitou formalmente que o Ministério Público Federal:

  1. 🗣️ Realize, com urgência, uma audiência pública, com participação dos moradores, da MRS, da ANTT, do IBAMA e dos órgãos municipais;
  2. 🏗️ Requisite da MRS Logística:
    • ✔️ Estudo Hidrológico completo, atualizado e abrangente;
    • ✔️ Levantamento Topográfico completo, incluindo todo o entorno urbano afetado;
    • ✔️ Apresentação da Licença Ambiental Federal emitida pelo IBAMA;
    • ✔️ Demonstração de que as obras atendem às exigências legais, ambientais, de segurança e de drenagem urbana;
  3. ⚖️ Oficie à ANTT, exigindo informações sobre as providências adotadas, fiscalização da obra e as medidas corretivas implementadas;
  4. 🚫 Adote as medidas judiciais cabíveis, inclusive com o eventual ajuizamento de Ação Civil Pública, para garantir:
    • ✅ Reparação dos danos;
    • ✅ Proteção da população de Vicente de Carvalho e do Guarujá;
    • ✅ Suspensão imediata das obras, caso as irregularidades persistam.

📢 Compromisso da Água Viva com a comunidade

A Água Viva – Associação Guarujá Viva reafirma seu compromisso com a defesa dos direitos da população de Vicente de Carvalho, do Guarujá e de toda a Baixada Santista, lutando pela proteção dos territórios, pelo meio ambiente, pela dignidade das pessoas e pelo desenvolvimento urbano que respeite as comunidades e seus direitos.

“Não aceitaremos que a comunidade continue sendo negligenciada em nome de interesses econômicos. Exigimos responsabilidade, transparência e respeito aos direitos socioambientais.” – afirmou José Manoel Ferreira Gonçalves, presidente da Água Viva.

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