AGUAVIVA quer explicações sobre realização de festas na Fortaleza da Barra Grande Eventos estão com ingressos à venda, mas não têm autorização de órgãos de preservação histórica

Uma balada no próximo sábado e uma grande festa de Réveillon com atrações internacionais e do Brasil; Open Bar; ingressos à venda e sem hora para acabar. Tudo parece maravilhoso, mas programado para acontecer dentro da Fortaleza da Barra Grande, no Guarujá, e sem autorização dos órgãos responsáveis pela preservação do patrimônio histórico do Estado e do País.

Diante da gravidade dos fatos e do desrespeito à lei, a Associação Guarujá Viva (AGUAVIVA), entidade sem fins lucrativos representante da Sociedade Civil do Guarujá e da Baixada Santista, comunicou ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional IPHAN, sobre a realização das atividades na área tombada no Município de Guarujá.

“Estão programados esses dois eventos e os ingressos estão à venda, mas não existe autorização para a realização. Esse “Projeto Fort Beach” e a festa de Réveillon não podem acontecer na Fortaleza da Barra Grande, que é um marco histórico protegido pelo IPHAN e pelo CONDEPHAAT. É um grande risco de provocarem danos irreparáveis na estrutura histórica”, disse o engenheiro José Manoel Ferreira Gonçalves, presidente da AGUAVIVA.

O engenheiro destacou ainda que as festas vão perturbar a paz do local e prejudicar a conservação de artefatos preciosos. Além disso, o acúmulo de lixo e a poluição podem afetar negativamente o ambiente natural ao redor, incluindo a fauna local. “Já oficiamos o IPHAN; o Gaema (Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente); o Ministério Público de São Paulo, a SPU (Secretaria do Patrimônio da União) e o Ministério Público Federal. Essas festas pelo que temos conhecimento ainda não têm autorização. Não entendemos como a Prefeitura da Cidade permite isso. Diante das irregularidades, a AGUAVIVA solicitou às autoridades para que tomem medidas imediatas para impedir que esse evento seja realizado e que solicite à Prefeitura esclarecimentos quanto à autorização para realização do evento e alterações no local para viabilizar o evento”, afirmou o engenheiro.

José Manoel ressaltou que a Prefeitura de Guarujá terceirizou o uso do espaço sem ter o cuidado de consultar os órgãos competentes, principalmente o IPHAN. “Agora faz na última hora colocando o Instituto contra a parede e também o profissional designado para estudar o assunto e resolver algo tão importante. Um absurdo!”, declarou o engenheiro.

O patrimônio, tombado pelo IPHAN em 23 de abril de 1964 e pelo CONDEPHAAT em 27 de abril de 1971, representa um marco histórico significativo, abrangendo o Fortim da Praia do Góis e o Portão Espanhol. A realização de um evento particular nesta localidade histórica pode colocar em risco sua integridade e o valor cultural que representa para a comunidade e para o Brasil. A Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande integra a lista de 19 monumentos que formam o Conjunto de Fortificações Brasileiras, candidato a Patrimônio Mundial da Unesco. Lá funciona o Museu Fortaleza da Barra, que tem como objetivo resgatar a identidade e a memória da população local e da Cidade.

Fortaleza
A Fortaleza da Barra Grande localiza-se entre a Praia do Góes e Praia de Santa Cruz dos Navegantes, na cidade de Guarujá. Ela está projetada sobre o canal de acesso ao estuário do maior porto da América Latina e foi construída em 1584 para proteger a Vila de Santos contra invasões piratas. De lá, soldados tinham uma visão estratégica e privilegiada de todas as entradas do porto e, assim, conseguiam intimidar os invasores com seus canhões. Em 1964, a Fortaleza da Barra foi reconhecida como Patrimônio Histórico Nacional pelo IPHAN.

O acesso até a Fortaleza pode ser feito através de embarcações que partem da Ponta da Praia de Santos e pela Estrada Santa Cruz dos Navegantes, em Guarujá. Da fortificação, é possível apreciar a orla de Santos e conferir a história do local e da região. Hoje, a Fortaleza da Barra Grande é aberta ao público e funciona como um museu histórico, cuja missão é promover a valorização e preservação do patrimônio cultural e memória histórica da cidade de Guarujá e do porto de Santos.

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