Diário do Litoral, 29 de dezembro de 2024 – Outros abusos também podem ser vistos no último Diário de Um Repórter
Por muitos anos, sem qualquer fiscalização das autoridades ambientais da Região Metropolitana da Baixada Santista, acontecem ‘raves’ – festas dançantes de longa duração, geralmente com mais de 12 horas – em Áreas de Proteção Ambiental (APAs), o que é proibido em todo o Brasil. Outros abusos também são relatados no último Diário de Um Repórter.
Em Guarujá, tudo ocorre às margens da Rodovia Guarujá-Bertioga (Ariovaldo de Almeida Viana – SP-61), atingindo a Serra do Guararú, em uma área administrada pela Laroc, que já divulgou suas atrações até o próximo ano.
Anos atrás, a situação foi denunciada ao Ministério Público Estadual (MP-SP), que repassou o caso ao Ministério Público Federal (MPF), já que mangues são áreas federais. Uma interdição foi realizada, mas os eventos voltaram a ocorrer livremente.
A Prefeitura de Guarujá manifestou-se garantindo que não há necessidade de licenciamento pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). A administração afirmou ter realizado análise técnica, complementação de documentos e emitido laudo de ruído. Ao final, garantiu que tudo está dentro da legalidade.
“Secretários de Meio Ambiente de Guarujá nada fizeram até agora. O mesmo acontece com os gestores da APA, que permanecem calados diante dos fatos. Música eletrônica é liberada em uma área de preservação ambiental. Várias denúncias já foram realizadas, e a situação persiste, inclusive neste ano”, aponta o professor e ambientalista Matheus Marques.
GUARARÚ
A Serra do Guararú abrange 25,6 quilômetros quadrados e é um berçário para aves e animais de diversas espécies, sendo cortada pelo Canal de Bertioga. Há relatos de que o som do Laroc Club Guarujá alcança até o bairro santista do Caruara. Imagens de casas com vidros rachados já foram enviadas às autoridades, mas não geraram qualquer sensibilização, mesmo afetando cerca de seis mil moradores. Embora o bairro do Caruara esteja em Santos, acredita-se que o som também alcance o bairro de Caiubura, em Bertioga.
A Área de Proteção Ambiental (APA) Serra do Guararú foi criada com o objetivo principal de proteger a diversidade biológica, regular o processo de ocupação e garantir a sustentabilidade no uso dos recursos naturais. Tanto o Plano de Manejo da Serra do Guararú quanto o decreto 9.948/2012, que criou a APA, destacam os potenciais conflitos entre a “casa de shows” e o meio ambiente.