CETESB aponta relação entre surto de virose e qualidade da água nas praias da Baixada Santista

Logo no início de janeiro, em meio ao surto de virose que atingiu a Baixada Santista, a Associação Água Viva solicitou ao Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP) a apuração sobre as causas do problema.

Em resposta, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) elaborou um relatório técnico que investiga a balneabilidade das praias da região e sua possível relação com o aumento dos casos de doenças.

Associação Água Viva solicitou ao Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP) providências para investigação da situação.

O que o relatório da CETESB revela?

A CETESB monitora a qualidade das águas com base na presença de Enterococos, bactérias que indicam poluição fecal. Quando essas concentrações ultrapassam os limites definidos pela legislação (Resolução CONAMA nº 274/2000), a praia é classificada como Imprópria para banho.

De acordo com o levantamento, houve um crescimento significativo no número de praias impróprias nos meses de dezembro de 2024 e janeiro de 2025 — especialmente em janeiro. Em alguns municípios, entre 90% e 100% das praias foram consideradas inadequadas para o banho.

Santos foi a única cidade da região a não registrar aumento expressivo no número de praias impróprias.

Principais fatores apontados

O relatório destaca que o agravamento da qualidade das águas está relacionado a dois fatores principais:

  • Chuvas intensas de verão: A água da chuva arrasta poluentes urbanos para os córregos e para o mar, afetando a balneabilidade.
  • Aumento da população flutuante: O grande número de visitantes durante férias e feriados intensifica a pressão sobre o saneamento básico.

Além disso, a CETESB reforça que ligações clandestinas de esgoto à rede de drenagem urbana agravam a situação.

Estudos anteriores da companhia também já demonstraram uma correlação direta entre a classificação de praias como impróprias e a presença de microrganismos patogênicos, elevando os riscos de doenças, como a gastroenterite.

Informações para a população

A CETESB informa que a balneabilidade das praias é atualizada semanalmente e divulgada por meio de:

  • Boletins semanais
  • Bandeiras indicativas nas praias (verde para próprias e vermelha para impróprias)
  • Aplicativo para celulares
  • Site oficial: https://cetesb.sp.gov.br/praias

Assim, a população pode consultar as condições antes de frequentar as praias da região.

O relatório também destaca que cabe aos Centros de Vigilância Sanitária e Epidemiológica a responsabilidade pela investigação epidemiológica específica sobre o surto de virose.

Água Viva cobra respostas

Até o momento, a Associação Água Viva também solicitou informações complementares à Sabesp, mas ainda não obteve retorno. O presidente da Água Viva, José Manoel Ferreira Gonçalves, reforça: “É fundamental que a população tenha acesso às informações sobre a qualidade das águas e que as autoridades aprimorem as ações de saneamento para evitar novos surtos de doenças.”