Jornal da Orla por Jornalista Glauco, 24 de abril de 2025 – Isaura Martins Beuro trabalha há 50 anos com pesca artesanal, na Rua Senador Salgado Filho e mora em frente ao portinho. Mesmo vivendo em uma das casas mais altas da rua, ele sofreu com a enchente do final de semana.
“Quando surgiu a linha de trem, a vazão de água já era pouca, mas enchia só a rua. Com essa obra agora, no começo do ano, os moradores falaram para eles colocarem umas manilhas para a água escoar para o estuário. Só que eles fizeram mais uma muralha de mais de dois metros de altura de terra e não ligaram as manilhas”, disse Isaura. Ele lembrou que a empresa deixou um número de telefone para o caso de algum problema.
Na primeira chuva, ela disse que começou a ligar para reclamar, mas ninguém atendeu. “Eu dei entrada no Ministério Público Estadual, fiz um abaixo-assinado com todas as pessoas, coletei todos os vídeos das casas que já encheram nessa primeira enchente. O Ministério Público Estadual encaminhou para o Ministério Público Federal. Depois, eu fiz uma representação na Prefeitura de Guarujá sobre a parte de estrutura, mas eles falaram que não era problema deles. Houve essa outra enchente agora. Como eu disse, a minha casa não enchia e encheu até o meio da canela. Meu marido podia ter morrido, porque os aparelhos de computador estavam em curto. Eu perdi duas impressoras, eu perdi o móvel, perdi uma cama-box que fica na frente, perdi duas portas que estão estufadas, uma mesa de escritório e outras coisas”
Ela destacou que outros moradores perderam muito mais do que ela. Foram geladeiras, colchões etc. “Tem gente que não tem nada e perdeu tudo. A minha filha mora do lado e a casa dela é baixa. Ela perdeu tudo. O que a gente quer é isso, que eles abram o mais rápido possível essas galerias porque, se vier mais chuva, nós vamos sofrer de novo. E nós não temos dinheiro para comprar tudo isso. A gente está relacionando o que perdeu. Isso vai demorar. A gente sabe que pode ganhar o que perdeu e também os danos morais, mas a gente quer que eles façam os buracos e as manilhas. Eles falaram que vão primeiro sedimentar tudo para depois fazer as galerias”, finalizou.