Data: 25 de julho de 2025
Fonte base: Diário do Litoral – Carlos Ratton
Moradores de diversos bairros da Baixada Santista — como Conceiçãozinha (Guarujá), Vila dos Pescadores (Cubatão), Vila dos Criadores (Santos), Jardim Boa Esperança, Vila Zilda, Vila Edna e Perequê — vêm enfrentando uma crise de abastecimento de água potável que já dura semanas. Em alguns casos, famílias chegaram a ficar até quatro dias sem abastecimento, recorrendo a córregos ou à solidariedade de vizinhos para garantir higiene e preparo de alimentos.
Apesar da gravidade da situação, a Sabesp — parcialmente privatizada em 2024 durante a gestão do governador Tarcísio de Freitas — apresentou uma proposta de reajuste que pode elevar a remuneração total dos seus executivos para até R$ 65 milhões em 2025, um salto de mais de 600% em relação ao teto praticado no ano anterior, de R$ 9,1 milhões. A justificativa oficial é de alinhamento com “práticas de mercado” e a necessidade de “reter talentos”.
Enquanto isso, comerciantes e moradores denunciam prejuízos crescentes: eletrodomésticos danificados pela baixa pressão, perda de renda em comércios e salões, e até problemas de saúde relacionados ao uso de água de fontes improvisadas. Escolas também sofrem: crianças têm perdido aulas por não conseguirem manter uma rotina mínima de higiene.
A Associação Guarujá Viva – Água Viva tem cobrado providências formais e urgentes. Entre as medidas:
- Protocolou representação no Ministério Público de São Paulo solicitando apuração das falhas da Sabesp;
- Requereu à Prefeitura o rompimento do contrato com a concessionária, devido ao descumprimento de metas de qualidade e universalização;
- Questionou a falta de transparência sobre o chamado “Grupo de Trabalho” criado para fiscalizar os serviços da empresa — grupo que, até agora, não apresentou resultados concretos.
A privatização da Sabesp, aprovada sob protestos na Alesp em 2024, segue sendo alvo de contestações judiciais e sociais. Pesquisas mostram que experiências semelhantes em outros países resultaram em tarifas mais altas, piora no serviço e redução na transparência — um cenário que se repete em São Paulo, onde decisões operacionais passaram a ser classificadas como “estratégicas”, dificultando a fiscalização.
⚠️ Enquanto executivos planejam salários milionários, famílias seguem sem água e sem respostas. A crise hídrica na Baixada Santista expõe não só problemas técnicos, mas uma falência no modelo de gestão pública do saneamento.
Nota legal: Este texto é uma adaptação baseada na matéria original do Diário do Litoral, com complementações a partir de relatórios comunitários e dados públicos, produzida pela Associação Guarujá Viva – Água Viva. Reprodução permitida mediante citação.
Acesse matéria completa https://www.diariodolitoral.com.br/cotidiano/sabesp-nao-resolve-falta-de-agua-mas-propoe-aumento-de-salarios/198884/?fbclid=IwZXh0bgNhZW0CMTEAAR4Ps–B0djytlIdKxxNS5Y1xmRrjmkqTOouZ9eUUFSldaY5kE8TvAsld1tTIA_aem_1zvzqaD7QrB055bK86saCg