Desabastecimento e poluição ambiental afetam não só a vida dos quase 300 mil habitantes, como dos milhares de turistas que frequentam a Cidade
Entidades representantes da sociedade civil organizada realizaram um manifesto público em frente à sede regional da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), localizada na Rua Leomil, 1.055, na Barra Funda, cobrando medidas urgentes para garantir a segurança hídrica em Guarujá.
Os problemas de desabastecimento e poluição ambiental são constantes na cidade, afetando tanto os quase 300 mil habitantes, especialmente os moradores de Vicente de Carvalho, quanto os milhares de turistas que visitam o município.
Preocupação com o Saneamento Básico
Recentemente, a Associação Água Viva enviou um ofício à Prefeitura, expressando sua preocupação com a precariedade dos serviços de saneamento básico. A associação solicitou à Administração Municipal que analise a viabilidade da rescisão do contrato com a Sabesp e considere alternativas mais eficientes para a gestão do saneamento básico na cidade.
“As deficiências reiteradas na execução desses serviços têm implicado em riscos substanciais à saúde pública e danos à economia local, comprometendo a sustentabilidade turística e a qualidade de vida”, aponta o documento.
A Água Viva destacou que a Sabesp não cumpriu compromissos essenciais para a segurança hídrica do município, como o abandono, em março de 2023, do projeto de construção de um grande reservatório na Cava da Pedreira. A entidade também apontou diversos problemas, como interrupções frequentes no fornecimento de água potável, vazamentos de esgoto prejudicando a balneabilidade e colocando em risco a saúde pública, despejos clandestinos, infraestrutura inadequada e o surto de gastroenterocolite aguda, entre outros.
Posicionamento da Prefeitura e da Sabesp
A Prefeitura de Guarujá informou que, após providências tomadas pela Sabesp, como a interligação dos sistemas de abastecimento de água, não há relatos recorrentes de interrupção no fornecimento de água à população. A Prefeitura também destacou que a cidade possui as praias mais limpas da Baixada Santista, conforme atestado pela Cetesb.
Por sua parte, a Sabesp reforçou que o surto de virose não tem relação com a operação da empresa e afirmou estar prestando esclarecimentos às entidades sobre o saneamento em Guarujá. A Sabesp informou que seus sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário são monitorados 24 horas por dia, especialmente durante a temporada de verão, e que as redes de água e esgoto seguem funcionando adequadamente, com equipes mobilizadas para manter sua plena operação.
Desafios no Sistema de Drenagem e Poluição
A Sabesp explicou que, durante períodos de chuva, materiais como esgoto e resíduos são levados pelas galerias municipais de drenagem, atingindo canais, córregos e rios que deságuam no mar. Além disso, o litoral enfrenta desafios devido à baixa cobertura de rede de drenagem, o que leva parte da população a conectar irregularmente a água de chuva ao sistema de esgoto, sobrecarregando os sistemas operados pela Sabesp.
A Sabesp também ressaltou que a fiscalização de galerias de drenagem de águas pluviais, canais e ocupações irregulares é responsabilidade da administração municipal, incluindo a inspeção e autuação de imóveis com irregularidades. A empresa informou ainda que colabora com a Prefeitura na identificação de descartes irregulares de esgoto no sistema de drenagem municipal.
Por fim, a Sabesp reconheceu que diversas áreas informais consolidadas em municípios litorâneos ainda não possuem saneamento básico adequado, o que agrava problemas como ligações clandestinas e o despejo irregular de resíduos.
O contrato anterior de concessão não abrangia a atuação nessas áreas, o que passou a ser permitido a partir dadesestatização.