Mais uma Interdição no Túnel da Vila Zilda: Até Quando?

A recente interdição do Túnel Juscelino Kubitschek, mais conhecido como Túnel da Vila Zilda, em Guarujá, levanta questionamentos sérios sobre a gestão municipal e a qualidade das obras realizadas na cidade. Desta vez, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) está conduzindo uma manutenção nas tubulações subterrâneas do sistema de coleta de esgotos, um serviço essencial, mas que revela a frequente necessidade de intervenções na estrutura do túnel.

No entanto, esta não é a primeira vez que o Túnel da Vila Zilda passa por obras. Em maio de 2024, a cidade testemunhou a abertura de uma cratera no asfalto e o desabamento de parte do revestimento do teto do túnel, obrigando a sua interdição e expondo a falta de manutenção preventiva e a fragilidade da infraestrutura municipal. Agora, menos de um ano depois, a população enfrenta novamente transtornos e insegurança.

Reincidência de Problemas: O que Explica?

A necessidade de constantes intervenções no túnel indica problemas estruturais crônicos e a falta de um planejamento eficaz para a manutenção da infraestrutura pública. A técnica de reabilitação de tubulações utilizada pela Sabesp – Cured in Place Pipe (tubulação curada no local) – evita grandes escavações e minimiza impactos no trânsito. Mas a questão é: por que não houve um planejamento antecipado para evitar múltiplas interdições em curtos espaços de tempo? A falta de previsão para problemas estruturais e de redes subterrâneas é um símbolo da falta de gestão eficiente.

Impactos na Mobilidade e na População

A interdição do túnel por, no mínimo, 90 dias gera grandes impactos na mobilidade urbana. Embora a prefeitura tenha anunciado que as obras ocorrerão de segunda a quinta-feira, das 21h às 5h, para minimizar os transtornos no horário de pico, o fluxo de veículos continuará prejudicado. Os motoristas e passageiros do transporte público enfrentarão desvios e lentidão no trânsito, impactando a rotina de trabalhadores, estudantes e toda a população que depende da via.

Além disso, a sensação de insegurança persiste. Se uma estrutura como essa precisa de tantas intervenções consecutivas, como garantir que novos problemas não surgirão em breve? Qual o critério de fiscalização adotado pela prefeitura para assegurar a qualidade e a durabilidade dessas obras? São questões fundamentais que a gestão municipal precisa esclarecer à população, demonstrando transparência e compromisso com a infraestrutura da cidade.

O Que Esperar do Futuro?

O caso do Túnel da Vila Zilda é um reflexo da precariedade da gestão pública da infraestrutura no Guarujá. Enquanto obras emergenciais continuam sendo a solução adotada, a população segue arcando com os prejuízos e os riscos de uma administração que falha em planejamento e execução.

Urge a necessidade de uma gestão mais eficiente, que invista em manutenção preventiva, planejamento adequado e transparência na execução de obras públicas. A população merece segurança e uma cidade que funcione, sem que estruturas essenciais precisem ser interditadas repetidamente.

José Manoel Ferreira Gonçalves – jornalista, cientista político, engenheiro, escritor e advogado. Presidente da Associação Guarujá Viva (AGUAVIVA) e da Frente Nacional pela Volta das Ferrovias (Ferrofrente). Idealizador do Portal SOS Planeta.