*José Manoel Ferreira Gonçalves
Parte do sal do mar de Guarujá vem das lágrimas silenciosas da população
É com a vigilância redobrada que os pais devem guiar seus filhos à beira-mar, não apenas pelas ondas traiçoeiras, mas também por imitações que podem ser potencialmente fatais. Crianças, esponjas de observação, replicam os comportamentos dos adultos, transformando gestos aparentemente inofensivos em lições perigosas. O mar, cenário de lazer e beleza, esconde uma armadilha invisível: sua água, imprópria para consumo, jamais deve saciar a sede ou ser ingerida, gerando curiosidade infantil.
Engolir água do mar não é apenas uma experiência desagradável, mas um convite aberto a uma série de problemas de saúde. A alta concentração de sal provoca desidratação severa, retirando líquidos essenciais do organismo na tentativa de equilibrar a concentração interna. A essa sede insaciável, somam-se os riscos de severos distúrbios gastrointestinais, com vômitos e diarreias que debilitam o corpo, especialmente o de uma criança. Ignorar esses malefícios é brincar com a saúde, confiando numa aparente bonança que esconde um mar de perigos microscópicos.
É curioso notar como, em meio a crises de saúde pública que exigem soluções complexas e investimentos sérios em saneamento, alguns parecem buscar atalhos simplórios, um aceno populista que se esvai na primeira onda. Beber água do mar, para além do efêmero clique e da ilusão momentânea de conexão com o povo, não resolve problemas, não cura doenças. A busca por soluções reais exige trabalho árduo, planejamento e coragem para o enfrentamento, não espetáculos simplórios na orla.
Portanto, reiteramo o alerta: não beba a água do mar. Proteja suas crianças, oriente sobre os riscos e priorize a saúde. A beleza do litoral se aprecia com responsabilidade e conhecimento, longe de aventuras gustativas que podem ter consequências amargas. Que a sabedoria guie nossas ações, para além do palco efêmero e da cortina de fumaça de gestos inconsequentes.