A Associação Guarujá Viva – ÁGUAVIVA, autora da Ação Civil Pública nº 1006776-38.2025.8.26.0223, protocolou novas manifestações junto a diversos órgãos públicos diante de uma grave evidência científica de contaminação ambiental na região da Praia do Perequê, em Guarujá (SP). O fato ganhou repercussão após a divulgação de uma matéria do portal G1, publicada em 26 de junho de 2025, que apresenta os resultados de um estudo inédito conduzido por pesquisadores da Universidade Santa Cecília (Unisanta).
O estudo, publicado na revista científica internacional Regional Studies in Marine Science (Elsevier), analisou amostras de cinco espécies de peixes capturados no litoral paulista — entre elas bagre-marinho, bagre-amarelo e oveva, amplamente consumidas pela população. Foram detectadas substâncias como paracetamol, cafeína, furosemida (diurético), cocaína e benzoilecgonina em tecidos musculares e hepáticos dos animais, com destaque para exemplares coletados na Praia do Perequê, onde a pesca artesanal é uma atividade tradicional.
Segundo a professora e coordenadora do estudo, Luciana Lopes Guimarães, os resultados acendem um sinal de alerta para a ausência de políticas públicas e parâmetros legais que regulamentem a presença desses contaminantes em ambientes marinhos e organismos aquáticos:
“Essas substâncias chegam ao mar via esgoto doméstico, sem qualquer tipo de tratamento específico para removê-las. Elas afetam o comportamento dos peixes, alteram seus sistemas reprodutivos, causam bioacumulação e ainda podem oferecer riscos à saúde humana, especialmente quando os pescados são consumidos com frequência.”
Ainda segundo a reportagem, os efeitos dessas substâncias não são neutralizados nem mesmo após o preparo dos alimentos — o que agrava o risco sanitário para populações que consomem os peixes contaminados, principalmente pescadores e moradores da região do Perequê, que têm nesses animais uma fonte tradicional de proteína e renda.
📎 Leia a matéria completa:
🔗 G1 – 26/06/2025: Cafeína e paracetamol são encontrados em peixes do litoral de SP, diz estudo inédito
📨 Encaminhamentos realizados pela ÁGUAVIVA
A entidade encaminhou ofícios formais e solicitações aos seguintes órgãos públicos, requisitando investigações técnicas, fiscalização e medidas corretivas:
- Ministério Público Federal
• Ofício nº 477/2025 | Manifestação: 20250046167 - Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP)
• Ofício nº 478/2025 | Manifestação: 0278.0000618/2025 - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB)
• Ofício nº 479/2025 | Protocolo: t_12839 - Capitania dos Portos de São Paulo – Marinha do Brasil
• Ofício nº 480/2025 | Enviado por e-mail - Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Segurança Climática (SEMAM)
• Ofício nº 481/2025 | Manifestação: 2025062713100422 - Prefeitura Municipal de Guarujá
• Ofício nº 482/2025 | Enviado por e-mail - Instituto Gremar
• Ofício nº 483/2025 | Enviado por e-mail - Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (SEMIL)
• Ofício nº 484/2025 | Protocolo: 2025062412591046
🌱 Compromisso com o interesse público
A ÁGUAVIVA reforça seu compromisso com a defesa do meio ambiente, da saúde coletiva e dos direitos das comunidades costeiras, e seguirá acompanhando os desdobramentos técnicos e jurídicos desta denúncia. A entidade também apresentou petição complementar na Ação Civil Pública, solicitando que os dados científicos recém-divulgados sejam incorporados formalmente ao processo.