AGUAVIVA Encaminha Denúncia ao MPF e GAEMA Sobre Remoção de Dunas e do Jundu na Praia da Enseada

Guarujá, 17 de junho de 2024 – A AGUAVIVA protocolou hoje um ofício endereçado ao Ministério Público Federal (MPF) e ao Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (GAEMA), solicitando providências urgentes em relação à remoção de dunas e vegetação de Jundu na Praia da Enseada.

Os ofícios destacam a importância das dunas e do Jundu para a estabilização costeira e a biodiversidade local. A remoção dessas barreiras naturais foi registrada nas proximidades do Quiosque Cabanas, na altura do posto 10 da praia, em ação atribuída à Prefeitura de Guarujá, sem justificativas aparentes.

A Associação ressaltou que a recuperação dessas áreas é um processo lento e difícil, com progressos sendo registrados desde 2019, como evidenciado por reportagens da época. A destruição recente coloca em risco todos os avanços obtidos até o momento.

“Estamos prontos para auxiliar na apuração dos motivos e fundamentos para a remoção das dunas e do Jundu. É essencial entender o destino das areias e da vegetação removidas, assim como avaliar o impacto ambiental das ações realizadas, especialmente no que diz respeito à proteção costeira e à biodiversidade. Além disso, é crucial verificar a conformidade dessas intervenções com as normativas de preservação ambiental e a legislação vigente”, declarou Eng. José Manoel Ferreira Gonçalves, presidente da AGUAVIVA.

Resposta do GAEMA

Guarujá, 18 de junho de 2024 – Em resposta ao ofício protocolado pela AGUAVIVA, o Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (GAEMA) comunicou que as dunas e a vegetação de Jundu, consideradas parte integrante da restinga e protegidas pelo Código Florestal, merecem uma apuração detalhada. O GAEMA determinou o encaminhamento do expediente registrado ao Ministério Público de Meio Ambiente de Guarujá para análise, informando à AGUAVIVA sobre a decisão tomada.

A AGUAVIVA reafirma seu compromisso com a defesa do meio ambiente e espera que as medidas cabíveis sejam tomadas para proteger a Praia da Enseada e suas importantes barreiras naturais.

Jundu: o “mato” que protege o litoral. Você sabe a importância dele?

Alguma vez você já foi a uma praia e se deparou com um “mato” invadindo a areia? Uma planta de folhas verdes, grossas e coriáceas, com flores bonitas e raízes que se espalham pelo chão? Talvez você tenha até pensado que a praia estava mal cuidada. Pois saiba que você teve sorte: o que você viu foi o jundu, uma vegetação típica do litoral que está ameaçada de extinção.

O jundu, vegetação nativa rasteira da praia, é muitas vezes confundido com plantas daninhas. Fonte: alllessandro_/Pixabay.

O nome jundu vem do termo indígena que significa “vegetação rasteira próximo à praia”. Formado por gramíneas e arbustos de até 1,50 m de altura, o jundu é parte da mata de restinga, um ecossistema do bioma Mata Atlântica.

Por que conservar o jundu?

Ipomea pes-caprae, conhecida popularmente como salsa-da-praia ou pé-de-cabra, é uma das plantas símbolo do jundu. Fonte: Forest & Kim Starr/Wikimedia Commons (CC BY 3.0).

1. Beleza e Biodiversidade: Apesar de parecer frágil, o jundu é resistente ao sol, marés e vento. Ele nos presenteia com folhas verdes e uma variedade de flores e frutos coloridos. Protegê-lo é proteger a biodiversidade local, pois ele serve de alimento e abrigo para insetos, aves, répteis e outros animais costeiros.

2. Proteção Costeira: O jundu atua como uma barreira natural contra o avanço das marés e ajuda a evitar que a areia invada a cidade. Suas raízes ramificadas seguram os grãos de areia, prevenindo a erosão das praias e mantendo a estabilidade do solo.

A vegetação rasteira do jundu forma uma trama que protege o solo contra a erosão. Fonte: Forest & Kim Starr/Wikimedia Commons (CC BY 3.0).

3. Prevenção de Desastres: A vegetação do jundu pode evitar desbarrancamentos de estradas e construções próximas à praia, proporcionando uma proteção adicional para as áreas urbanas costeiras.

Ameaças à existência do jundu

Infelizmente, o jundu está em perigo de extinção. Ao longo dos anos, ele foi destruído para dar lugar a ruas, estradas, casas, prédios e quiosques. A falta de conhecimento da população sobre sua importância torna essa vegetação ainda mais vulnerável.

Por exemplo, a proibição de carros na praia visa proteger o jundu. Placas que pedem para não pisar em determinadas áreas geralmente indicam projetos de recuperação ambiental dessa vegetação.

Hoje, o jundu é protegido por lei e qualquer dano a ele, sem autorização dos órgãos competentes, pode e deve ser denunciado.

Agora você já sabe: na próxima vez que encontrar esse “mato” na praia, anime-se e aproveite! A presença do jundu indica que a praia está ecologicamente equilibrada e bem preservada.

Fonte: https://www.bioicos.org.br/post/jundu-o-mato-que-protege-o-litoral