Partes de Guarujá e Santos podem ser alagadas pelo mar até 2050, diz estudo

Mapa da organização Climate Central indica aumento do nível do mar e impactos em áreas costeiras da Baixada Santista até 2050

CNN – O avanço do mar intensificado pelas mudanças climáticas coloca em risco áreas costeiras do litoral paulista, como a cidade de Santos. De acordo com um mapa da organização Climate Central, regiões do município podem ser impactadas por inundações até 2050, especialmente aquelas com menor altitude e pouca proteção natural contra o avanço das águas.

A ferramenta da Climate Central aponta em vermelho as áreas que estão abaixo do nível da água projetado e que possuem caminho desobstruído para o oceano.

A precisão é maior nos Estados Unidos, mas os dados globais ainda oferecem um panorama relevante para triagem de risco. Contudo, a própria organização destaca que os mapas devem ser considerados como ferramentas preliminares, não substituindo estudos locais detalhados.

De acordo com Eduardo Siegle, vice-diretor do Instituto Oceanográfico da USP, o aumento do nível do mar está diretamente ligado à expansão térmica da água e ao derretimento das geleiras.

“Desde as primeiras projeções, o nível do mar observado tem alcançado ou até superado os piores cenários. Para 2050, o aumento previsto é de 15 a 35 cm globalmente. Em regiões com subsidência, pode ser até 30% maior”, explicou em entrevista à CNN.

professor César Barbedo Rocha, também do Instituto Oceanográfico da USP, reforça que o oceano absorveu cerca de 90% do calor extra do aquecimento global, o que contribui para a elevação dos mares. “Nos últimos dois anos, especialmente com o El Niño, a expansão térmica superou o derretimento do gelo como principal causa do aumento do nível do mar”, afirma.

Segundo o especialista, o monitoramento é feito com marégrafos costeiros, satélites altimétricos e sensores oceânicos. No Brasil, as estações de Cananéia (SP) e Ilha Fiscal (RJ) indicam um aumento de cerca de 20 cm desde meados do século XX.

As consequências para áreas urbanas litorâneas incluem erosão costeira, alagamentos frequentes, salinização do solo e comprometimento do lençol freático. Infraestruturas urbanas projetadas para níveis de maré antigos tornam-se cada vez mais vulneráveis.

Para enfrentar o cenário, especialistas defendem ações de adaptação, como obras de engenharia (diques, molhes e contenções) e soluções baseadas na natureza, como a preservação de manguezais. No entanto, mesmo com adaptação, o desafio só poderá ser minimizado com a redução drástica das emissões de gases de efeito estufa.

As projeções indicam que, até 2050, o aumento do nível do mar será de 10 a 15 cm globalmente em relação ao atual. A partir daí, os cenários divergem: no mais otimista, a elevação pode ser contida em 30 cm; no mais pessimista, pode ultrapassar 1 metro até o final do século.