José Manoel Ferreira Gonçalves
Engenheiro, advogado e jornalista
Uma praia sufocada pela contaminação
A Praia do Perequê, no Guarujá (SP), carrega um triste título: é a mais poluída da Baixada Santista. O paraíso dos pescadores e turistas agora convive com alertas constantes de contaminação. Em 2024, apenas uma entre 52 coletas de água apresentou qualidade dentro dos padrões aceitáveis. Isso significa que, na prática, o Perequê esteve impróprio para banho o ano inteiro.
A crise ambiental não afeta apenas a paisagem. A poluição compromete a biodiversidade, ameaça a economia local e coloca em risco a saúde pública. Diante desse cenário, a mobilização em torno da meta Perequê Limpa se torna essencial para reverter a degradação e recuperar esse patrimônio natural.
Perequê Limpa: impactos ambientais exigem ação imediata
A contaminação da Praia do Perequê é reflexo de décadas de descaso com o saneamento básico. A presença de coliformes fecais na água indica despejo irregular de esgoto, um problema recorrente na região. Como consequência, os ecossistemas costeiros sofrem com a redução da fauna marinha e a degradação dos manguezais.
Estudos apontam que a areia do Perequê também está repleta de resíduos sólidos, principalmente plásticos e bitucas de cigarro, agravando a poluição costeira. A ocupação irregular ao redor do Rio do Peixe contribui para o desmatamento do mangue, comprometendo ainda mais esse berçário natural. Sem medidas urgentes, a biodiversidade local continuará em declínio.
Turismo e pesca ameaçados pela contaminação
Os reflexos da poluição não se limitam ao meio ambiente. O turismo, um dos pilares da economia do Guarujá, já sente os impactos da reputação negativa da praia. Banhistas evitam a região, e restaurantes especializados em frutos do mar enfrentam a desconfiança dos consumidores.
Além disso, a pesca artesanal, essencial para a comunidade caiçara, sofre com a queda na quantidade de pescado. Muitos pescadores relatam prejuízos financeiros, pois os peixes estão escassos ou contaminados. Em termos de saúde pública, a situação também é preocupante. Recentemente, um surto de gastroenterite atingiu mais de 2 mil pessoas na cidade, com suspeitas de relação com a água contaminada.
O caminho para um Perequê despoluído
Apesar do cenário alarmante, ações concretas buscam reverter esse quadro. Projetos como o Perequê Limpa promovem mutirões de limpeza para remover toneladas de lixo da areia e do mar. Iniciativas de coleta seletiva incentivam moradores e comerciantes a descartarem corretamente os resíduos.
Falhamos no campo institucional, a prefeitura vem ampliando a rede de esgoto para reduzir o despejo clandestino em velocidade menor que o avanço do problema. Apenas monitoramentos infrequentes identificam os focos de poluição, impedindo ações mais eficazes. Como alvissareiro no campo institucional temos as decisões judiciais recentes, que obrigaram a recuperação de áreas degradadas, incluindo a remoção de construções irregulares sobre os manguezais.
A luta por um Perequê limpo exige esforço coletivo. Apenas com fiscalização rigorosa, saneamento eficiente e conscientização ambiental será possível devolver a esse paraíso o brilho que um dia encantou moradores e turistas. O desafio é grande, mas a mobilização crescente prova que ainda há esperança.
Fontes: Dados da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), estudos acadêmicos e reportagens recentes (CBN Santos, Recicla Sampa, entre outros).
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