Presidente da AGUAVIVA alerta para os perigos da instalação de terminal de fertilizantes em Santos

“É importante alertar a opinião pública sobre desatenção e o desrespeito com as populações das cidades de Santos, Guarujá e da Baixa Santista, para a ameaça da instalação de terminais com armazenamento de cargas perigosas, como o nitrato de amônio, na região de Outerinhos em Santos, ao lado de hospitais, escolas e moradias. Não podemos aceitar esse absurdo e vamos lutar contra isso”, assim o engenheiro José Manoel Ferreira Gonçalves, presidente da Aguaviva – Associação Guarujá Viva e da Ferrofrente – Frente Nacional pela Volta das Ferrovias, se posicionou na Audiência Pública realizada na manhã de segunda na Câmara Municipal de Santos.

Em nome de comunidades do Guarujá, Vicente de Carvalho e Baixada Santista, a Aguaviva se reuniu, também, com o Ministério Público Estadual para tratar do assunto, encaminhando solicitação pela abertura de inquérito civil para apurar os riscos de uma expansão desmedida do armazenamento de matérias-primas consideradas perigosas no porto de Santos, principalmente aquelas utilizadas na produção de fertilizantes. A solicitação foi entregue juntamente com um extenso laudo sobre essa ampliação pretendida para ocorrer na área de Outeirinhos.

O terminal seria para movimentação e armazenagem de granéis sólidos e sulfatos na região de Outeirinhos, Santos, no maior porto do país e da América Latina. A implantação desse equipamento está prevista no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) do governo Federal, tendo em seu escopo o contrato de arrendamento para a exploração do terminal por 25 anos. 

“Antes que uma decisão equivocada dessa magnitude seja tomada, é preciso avaliar todos os seus riscos, perigos e danos potenciais – o que, nesse caso, representa estragos consideráveis à preservação do meio ambiente e à própria vida da população”, disse José Manoel.  O governo pretende, de forma temerária, tomar como regra para o mais importante porto do país, o favorecimento da clusterização (agrupamento) de mercadorias e privilegiar a produtividade a qualquer preço, em detrimento da segurança, da vida e do meio ambiente.

De acordo com o engenheiro José Manoel, querem implantar, também, uma pera ferroviária muito mal projetada, para o atendimento exclusivo dos interesses da empresa Rumo Logística, do Grupo Cosan, que tem à frente o empresário Rubens Ometo, de Piracicaba. A pera ferroviária é um pátio em formato circular que possibilita o transbordo da carga sem a necessidade de desmembramento do trem.

Técnicos e especialista, que compareceram à audiência pública explicaram que o nitrato de amônio é capaz de produzir também vários danos ambientais, acarretando distúrbios nas populações aquáticas e extensas contaminações dos lençóis freáticos. Outra preocupação é a de que a substância – seja por meio de transbordamentos, arraste por chuvas ou dispersão por ventos – possa atingir o canal de Santos e os mangues ali existentes.

“É um elemento que causa vários efeitos toxicológicos aos humanos, afetando o trato respiratório, sistema nervoso central e ocasionando problemas cardíacos e dermatológicos, além de ter potencial carcinogênico”, ainda de acordo com os especialistas, “É a mesma substância que causou enormes estragos e vitimou várias pessoas após uma explosão, em agosto do ano passado, no porto de Beirute”.

“Essa irresponsabilidade não pode continuar. É preciso seriedade, serenidade e firmeza para dizer não a essas ameaças à nossa região metropolitana. Todas as Câmaras de Vereadores da região deveriam se manifestar, como os vereadores de Santos estão fazendo”, conclui José Manoel.

Audiência pública sobre a instalação de terminal em Santos