A calamidade se abate sobre Guarujá. Nossas praias, outrora motivo de orgulho e sustento vital da comunidade, se transformaram em palco de uma contaminação ultrajante, consequência do inaceitável serviço (não) prestado pela Sabesp. É insustentável continuar tolerando a inércia e a negligência desta empresa. Os dados são chocantes: análises recentes revelam níveis alarmantes de coliformes fecais em áreas como Enseada, Pitangueiras e Astúrias, evidenciando o descaso com o saneamento básico em nossa cidade. Diante desse quadro, a Associação Água Viva, que tenho a honra de presidir, considera a continuidade do contrato com a Sabesp insustentável e exige sua rescisão imediata, sob pena de perpetuar o problema com consequências ainda mais nefastas para a saúde e o bem-estar da população.
Ao longo dos anos, a Sabesp acumulou lucros substanciais em Guarujá, cobrando incessantemente por um serviço nunca entregue. Promessas de investimentos do capital arrecadado em infraestrutura de saneamento básico permaneceram no âmbito das intenções, enquanto a contaminação de nossas praias se agrava. É inaceitável que a empresa lucre à custa do sofrimento de nosso povo. Em nome da Associação Água Viva, exigimos que a Sabesp devolva integralmente à população de Guarujá, via erário municipal, todos os valores cobrados pelos serviços de saneamento durante o período em que comprovadamente não cumpriu suas obrigações contratuais. Essa restituição não é uma mera reivindicação financeira, mas sim uma reparação justa pelo dano causado e um reconhecimento da falha na prestação do serviço.
Tal restituição é para nós uma causa inabalável, um direito inegociável. O povo de Guarujá foi privado de usufruir de suas praias, de seu lazer, de sua qualidade de vida. Fomos “subtraídos do nosso sol”, como bem expressa o sentimento de nossa comunidade. Não podemos permitir que o lucro de uma empresa se sobreponha ao direito fundamental à saúde pública e a um meio ambiente equilibrado. A Sabesp lucrou, mas quem arcou com o prejuízo foi a população, exposta a moléstias e impedida de desfrutar de seu patrimônio natural. A prefeitura de Guarujá tem o dever de lutar incansavelmente por essa restituição, utilizando esses recursos para investir em saneamento e na recuperação ambiental de nossa cidade.
É crucial destacar que a Sabesp não é a autora deste crime ambiental. A contaminação de nossas praias é resultado de ações e omissões concretas, praticadas por cidadãos gestoresnque precisam ser identificados e responsabilizados nos termos da lei. Relatórios de órgãos ambientais e denúncias de moradores apontam para possíveis conexões clandestinas de esgoto e outras práticas irregulares que contribuem para a poluição. Não podemos permitir que o povo de Guarujá arque sozinho com o sofrimento causado pelas doenças e com os prejuízos econômicos, enquanto os verdadeiros culpados permanecem impunes. Exigimos uma investigação rigorosa para identificar e punir civil e criminalmente os responsáveis por esta tragédia ambiental.
Neste contexto de grave crise, a responsabilidade não pode ser limitada ao Sabesp ou a indivíduos isolados. O governador Tarcísio de Freitas, como principal gestor de nosso estado, não pode se isentar de sua responsabilidade direta neste imbróglio. É inaceitável que o governo estadual se mantenha em silêncio diante da magnitude do problema em Guarujá. Exigimos uma postura e ação firmes do governador, com o estabelecimento de investigações internas para apurar a conduta da Sabesp e a adoção de medidas urgentes para resolver a contaminação. A inação do governo estadual é um sinal preocupante e reforça a demonstração de desacesto com a saúde e o bem-estar da população de Guarujá.
Não podemos e não vamos nos silenciar diante desta injustiça. A rescisão imediata do contrato com a Sabesp, a restituição dos valores cobrados indevidamente e a responsabilização dos gestores culpados são medidas urgentes e inadiáveis. Continuaremos lutando incansavelmente para que a justiça seja feita e para que nossas praias voltem a ser um local seguro e saudável para todos.
José Manoel Ferreira Gonçalves
Presidente da Associação Água Viva