José Manoel Ferreira Gonçalves
Engenheiro, advogado e jornalista
Realidade que pede solução
A rotina de quem depende de ônibus para trabalhar e estudar exige a urgência de políticas eficazes em Guarujá. Cansados de atrasos e precariedade, passageiros exigem uma mudança imediata na gestão do transporte coletivo. Neste contexto, a recente intervenção municipal na empresa concessionária do serviço sinaliza enfim uma resposta às demandas de quem não suporta mais filas intermináveis e veículos superlotados. Assim, observar as razões que impulsionaram este decreto de intervenção revela uma insatisfação popular, hiper denunciada por nós da Água Viva, que já perdurava há anos. Até porque, estudos realizados pela Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) comprovam que o alto custo de manutenção das frotas e a desorganização operacional prejudicam sobretudo as classes mais vulneráveis. Dessa forma, optar por soluções sustentáveis e socialmente justas não passa de um dever das autoridades locais.
Depois de muito sofrimento do usuário de transporte coletivo em Guarujá: Caminhos para a intervenção
A intervenção decretada pela prefeitura ocorreu porque o serviço, segundo relatórios técnicos, se tornara insustentável para os passageiros. Por conseguinte, a falta de dados atualizados, câmeras removidas e desconformidades na frota criaram um cenário de incertezas. De acordo com a gestão municipal, o objetivo é garantir uma auditoria profunda na empresa e assegurar que nenhum passageiro fique desamparado. Simultaneamente, sindicatos de trabalhadores defendem uma administração transparente e eficiente, pois motoristas e cobradores sofrem pressões diárias. Assim, essa medida temporária surge apenas como um primeiro passo para reformular a concessão. Entretanto, é fundamental lembrar que, depois de muito sofrimento do usuário de transporte coletivo em Guarujá, somente a continuidade dos serviços não basta: qualidade e dignidade no deslocamento devem ser prioridades.
Discussão sobre estatização e tarifa zero
Esta intervenção surge como a abertura de um caminho rumo à estatização. De fato, cidades que adotaram modelos públicos ou híbridos conseguiram equilibrar custos e diminuir tarifas, dinamizando suas economias. Conforme levantamentos recentes, quando o lucro privado deixa de ser o foco central, os investimentos em manutenção e expansão de rotas se tornam constantes. Outra proposta surge na forma da tarifa zero progressiva, amplamente apoiada por economistas, ligados a movimentos populares ou não. Segundo eles, direcionar recursos orçamentários para subsidiar passagens gradualmente alivia o bolso do trabalhador e fomenta o uso do transporte coletivo (e, por conseguinte, fomenta o comércio local e com ele os recolhimentos públicos, em um ciclo virtuoso) reduzindo congestionamentos e emissão de poluentes. São muitas as experiências de cidades que implementaram projetos similares com viabilidade financeira, basta vontade política e gestão responsável.
Depois de muito sofrimento do usuário de transporte coletivo em Guarujá: Uma visão de futuro
Encerrar a intervenção significa retornar o sistema às mãos de um operador capacitado ou consolidar efetivamente um modelo estatizado, a depender do posicionamento legal. Nesse sentido, a Prefeitura de Guarujá, ao decretar a intervenção, tornou clara a insatisfação geral e sugeriu uma solução definitiva que não deixe a população refém de crises no transporte. As melhores e mais abalizadas vozes defendem que o coletivo deve ser tratado como um direito social, e não como gerador de lucros abusivos, como um fator de transferência de riqueza de pobres para milionários. Ao investir na frota, ampliar a cobertura e repensar a tarifa, a cidade demonstra responsabilidade com seus cidadãos e atenção às demandas históricas dos trabalhadores. Ademais, diferentemente de iniciativas superficiais, uma política de transporte consolidada pode criar melhorias duradouras e impulsionar a economia local de modo inclusivo.
Renovação com responsabilidade
O principal desafio agora é converter esse momento de intervenção em oportunidade de transformação. Se não houver planejamento e compromisso com a estatização ou com métodos alternativos de gestão, corremos o risco de perpetuar antigas mazelas. Por isso, ouvir os movimentos sociais, investigar a viabilidade da tarifa zero e exigir transparência financeira podem representar o caminho mais seguro para um serviço justo e acessível. Esse debate, no entanto, pede a participação de toda a sociedade, a começar pelos próprios usuários que suportaram por tanto tempo as falhas do sistema. É hora de valorizar o cidadão acima do lucro, garantindo mobilidade e dignidade para cada passageiro que depende do ônibus para seguir adiante.
José Manoel Ferreira Gonçalves – Presidente da Associção Guarujá Viva, ÁGUAVIVA e da ONG Frente Nacional Pela Volta das Ferrovias (FerroFrente), entidade que há mais de 10 anos defende a ampliação da malha ferroviária para o transporte de cargas e os trens de passageiros no Brasil. Pós Doutorado em Transportes e Meio Ambiente (Universidade de Lisboa), doutorado em Engenharia de Produção e Mestrado em Engenharia Mecânica, entre outros títulos.
Declaração de Fontes
As informações apresentadas neste artigo foram obtidas a partir de documentos oficiais da Prefeitura Municipal de Guarujá, relatórios da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) e pesquisas em jornais de circulação regional.
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