A representação da Associação Guarujá Viva – Água Viva foi oficialmente juntada ao processo administrativo nº 0278.0000373/2022, o que demonstra que a mobilização da entidade gerou encaminhamentos concretos por parte das autoridades. Trata-se de uma vitória coletiva das entidades que representam os interesses da sociedade civil. A Água Viva se sente honrada em integrar esse movimento amplo e legítimo em defesa do meio ambiente e da população. A atuação da entidade incluiu o protocolo, na terça-feira (22), de ofícios ao Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP), à Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMAM) e à Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP), exigindo esclarecimentos e providências imediatas diante do grave vazamento de esgoto ocorrido no último sábado (19/04), na Praia das Astúrias, um dos cartões-postais da cidade.
Nos documentos enviados, a associação cobra:
- Explicações técnicas sobre as causas do transbordamento;
- Relatórios com medidas adotadas e planos de contingência;
- Ações educativas e preventivas para a população;
- Monitoramento da balneabilidade das praias com alertas públicos;
- Fiscalização e responsabilização da SABESP;
- Intervenção do poder público municipal diante da omissão ocorrida no dia do incidente, já que nenhuma sinalização ou interdição foi feita na orla, mesmo diante da evidente contaminação.
O episódio, amplamente registrado por moradores e turistas, expôs novamente a fragilidade da infraestrutura de esgotamento sanitário de Guarujá. O esgoto aflorou por tampas de inspeção na Avenida General Monteiro de Barros e na Rua das Galhetas, formando um verdadeiro “riacho de esgoto” que escoou diretamente para os canais pluviais e, posteriormente, para o mar – tudo isso em pleno feriado prolongado, com a praia lotada de famílias e crianças.
Segundo relatos de moradores, a SABESP demorou horas para atender à ocorrência, chegando apenas por volta das 14h30. A justificativa apontada por um funcionário da companhia foi um curto-circuito em uma das bombas da estação elevatória localizada nas Astúrias, equipamento responsável por bombear o esgoto da região para a Estação de Tratamento da Vila Zilda.
Para a Associação Água Viva, esse tipo de falha revela a falta crônica de manutenção e a precariedade do sistema, já que todo o esgoto coletado na região das Astúrias é direcionado para a Rua Chile – ponto de bombeamento intermediário – e de lá enviado para a Vila Zilda. Quando uma das bombas falha, o sistema colapsa, resultando em vazamento de esgoto in natura nas ruas e, pior ainda, no mar.
“É inadmissível que uma cidade turística como Guarujá conviva com episódios como esse em pleno século XXI. Há um completo abandono da política de saneamento básico. O que vemos é uma negligência que se repete há anos e que coloca em risco a saúde da população, a economia local e o meio ambiente”, declarou José Manoel Ferreira Gonçalves, presidente da Água Viva.
A associação alerta ainda que o despejo de esgoto no oceano constitui crime ambiental, com impactos sérios à biodiversidade marinha, à imagem da cidade e à segurança sanitária dos moradores e visitantes.
“A cada feriado prolongado, a cidade repete esse cenário de abandono. Precisamos romper esse ciclo de omissão. Guarujá merece respeito e soluções definitivas”, concluiu José Manoel.
O material protocolado conta com vídeos e fotografias que comprovam a gravidade da situação. A associação também encaminhará os documentos a outros órgãos de controle e à imprensa, para garantir transparência e pressionar por mudanças efetivas.