José Manoel Ferreira Gonçalves
Engenheiro, advogado e jornalista
Crise hídrica e abandono no Guarujá
A população do Guarujá enfrenta uma realidade alarmante: a Sabesp, empresa responsável pelo abastecimento de água e tratamento de esgoto, oferece um serviço absolutamente deficiente. Ao invés de garantir dignidade e bem-estar, a estatal entrega interrupções constantes, torneiras secas, vazamentos, esgoto a céu aberto e doenças causadas por negligência. A situação, longe de ser pontual, tornou-se estrutural. Enquanto isso, milhões de reais são pagos mensalmente à companhia, em troca de migalhas.
O cenário exposto nos últimos meses comprova que a população tem razão em se revoltar. O Sintaema (Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente) denunciou recentemente o colapso no fornecimento de água em diversas regiões da cidade, incluindo bairros densamente povoados como Morrinhos e Enseada. A água, quando chega, vem suja, com forte odor ou pressão insuficiente. Mais do que incômodo, isso é um atentado à saúde pública.
Tecnologia avançada e inovação ignoradas
É inconcebível que, em pleno 2025, uma cidade turística e estratégica como o Guarujá sofra com um serviço tão arcaico e mal gerido. Enquanto cidades com investimentos em tecnologia avançada e inovação já automatizam redes, controlam perdas e tratam esgoto com eficiência, o Guarujá ainda convive com caminhões-pipa, manobras emergenciais e promessas vazias. A Sabesp, longe de representar inovação, parece uma senhora cansada, como bem pontuou uma análise recente do Diário do Litoral, chamando a empresa de uma “idosa em problemas”.
Além da ineficiência técnica, há outro agravante: a falta de vontade política. Em vez de tomar uma atitude firme, como estatizar o serviço de saneamento — uma medida urgente para devolver o controle e os recursos ao município — a prefeitura preferiu criar uma comissão “chapa branca”, formada para legitimar o caos. Essa comissão, sem representatividade popular ou autonomia crítica, nada mais é do que um escudo para o governo municipal continuar inerte.
Estatização urgente: milhões pagos por migalhas
Chegamos a um ponto insustentável: afinal é a população que paga milhões e recebe migalhas. A conta não fecha. As tarifas da Sabesp sobem anualmente, mas os investimentos no sistema local não acompanham. Não há planejamento, nem modernização. E os prejuízos, claro, vão direto para o bolso da população, seja na conta de água, no remédio para doenças relacionadas ao saneamento precário ou na queda do valor imobiliário da região.
Estatizar o serviço de água e esgoto no Guarujá não é apenas uma medida viável: é uma obrigação moral, cívica e administrativa. A municipalização devolveria ao povo a gestão sobre um recurso essencial, permitindo aplicar integralmente as receitas em melhorias reais, adaptadas à realidade local. Com tecnologia avançada e inovação, seria possível reconstruir um sistema funcional e digno, sem intermediários que drenam recursos e empurram responsabilidades.
Responsabilidade e ação imediata
A Sabesp não pode mais ser tratada como intocável. Sua permanência, nos moldes atuais, representa um atentado à cidadania e à saúde pública. Chega de conivência. O Guarujá precisa reagir. A prefeitura deve ouvir seu povo, romper com arranjos políticos que priorizam contratos e tomar o caminho da soberania hídrica.
Estatizar agora é garantir um futuro melhor. Esperar mais é permitir que a população siga pagando milhões por migalhas.
*José Manoel é pós-doutor em Engenharia, jornalista, escritor e advogado, com uma destacada trajetória na defesa de áreas cruciais como transporte, sustentabilidade, habitação, educação, saúde, assistência social, meio ambiente e segurança pública. Ele é o fundador da FerroFrente, uma iniciativa que visa promover o transporte ferroviário de passageiros no Brasil, e da Associação Água Viva, que fortalece a participação da sociedade civil nas decisões do município de Guarujá. Membro do Conselho Deliberativo da EngD
Declaração de Fontes:
“As informações contidas neste artigo foram obtidas a partir de fontes confiáveis e verificadas, incluindo o site do Sintaema (Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente) e o jornal Diário do Litoral.”
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