Universidade Sim, Fechamento do 1º de Maio Nem Pensar

José Manoel Ferreira Gonçalves
Engenheiro, advogado e jornalista

Educação de qualidade não se apaga

Guarujá, no litoral paulista, vive um paradoxo educativo que desafia a lógica e a sensibilidade política. Ao mesmo tempo em que o governo federal anuncia a instalação de um Instituto Federal (IF) na cidade — uma iniciativa digna de aplausos —, a Prefeitura silencia sobre uma perda irreparável: o fechamento da Escola Municipal “1º de Maio”, um verdadeiro patrimônio educacional e cultural do município. Uma decisão que, na prática, troca uma conquista histórica por uma novidade promissora, quando, na verdade, ambas poderiam e deveriam coexistir.

Universidade sim, fechamento do 1º de Maio nem pensar

A Escola Municipal “1º de Maio” não é apenas uma instituição de ensino. Com 44 anos de funcionamento ininterrupto, ela representa a ponte entre a juventude e o mercado de trabalho, formando técnicos de excelência nas áreas de Administração, Contabilidade, Mecânica, Meio Ambiente e Química. Trata-se de uma escola gratuita, mantida com esforço pela Secretaria Municipal de Educação, que vem prestando um serviço público de altíssima relevância para Guarujá e região.

Fechar essa escola é apagar parte da história educacional da Baixada Santista. É desconsiderar os milhares de profissionais qualificados que saíram de suas salas de aula e hoje ocupam posições estratégicas em empresas, indústrias e instituições públicas. É, sobretudo, ignorar a função social da educação técnica de nível médio — aquela que prepara o jovem diretamente para o trabalho, sem perder o foco na formação cidadã.

Patrimônio da cidade e da comunidade

O “1º de Maio” é mais do que um prédio. É uma filosofia educacional baseada no respeito, na valorização dos talentos individuais e no estímulo ao protagonismo estudantil. A escola cumpre com excelência sua missão de proporcionar um ensino eficaz, humano e direcionado à realidade do aluno. Em tempos em que tanto se fala em inclusão, é inadmissível que se feche uma escola que justamente garante oportunidades reais de ascensão social.

A instalação de um Instituto Federal em Guarujá deve ser celebrada, sim. Mas isso não pode — e não deve — ocorrer à custa da destruição de uma estrutura que já se provou eficiente e necessária. Universidade sim, fechamento do 1º de Maio nem pensar. Que se busque outro espaço para o novo campus. Que se preservem os saberes construídos e os sonhos concretizados dentro dos muros da escola.

Investir em educação é somar, não substituir

É inaceitável que, em nome de uma expansão do ensino superior, se sacrifique a base da formação técnica local. Em vez de agregar, o governo municipal parece optar por substituir. A lógica correta é somar: IF mais Escola 1º de Maio, juntos, ampliando o leque de oportunidades educacionais para jovens e adultos. Guarujá precisa dos dois. O Brasil precisa dos dois.

A população local está indignada — com razão. Não há justificativa técnica, pedagógica ou social que sustente a extinção de uma escola que entrega resultados concretos há mais de quatro décadas. A história do 1º de Maio está entrelaçada com a de inúmeras famílias guarujaenses. Retirá-la do mapa educacional da cidade é um golpe contra a memória coletiva e contra o futuro de centenas de estudantes.

É hora de resistência e mobilização

A sociedade civil, os ex-alunos, os professores, os gestores e todos os que reconhecem a importância do “1º de Maio” devem se unir em defesa da sua permanência. A educação técnica de qualidade não pode ser reduzida a um número em uma planilha de gestão. Ela é, antes de tudo, uma ferramenta de transformação social.

Não aceitamos retrocessos. A cidade merece o Instituto Federal, mas exige que o 1º de Maio continue vivo. Educação de qualidade se faz com mais escolas, mais oportunidades, mais inclusão. Universidade sim, fechamento do 1º de Maio nem pensar.

*José Manoel é pós-doutor em Engenharia, jornalista, escritor e advogado, com uma destacada trajetória na defesa de áreas cruciais como transporte, sustentabilidade, habitação, educação, saúde, assistência social, meio ambiente e segurança pública. Ele é o fundador da FerroFrente, uma iniciativa que visa promover o transporte ferroviário de passageiros no Brasil, e da Associação Água Viva, que fortalece a participação da sociedade civil nas decisões do município de Guarujá. Membro do Conselho Deliberativo da EngD

Declaração de Fontes:
“As informações contidas neste artigo foram obtidas a partir de documentos institucionais da Escola Municipal 1º de Maio, dados oficiais sobre os Institutos Federais do Ministério da Educação e manifestações da comunidade local registradas em veículos de imprensa regional.”

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